Orientações para as Eleições municipais de 2012
Complementação à Mensagem da CNBB sobre as eleições
No período eleitoral, a CNBB orienta suas comunidades eclesiais a
agir atentas aos sinais do Espírito, na certeza de que o Senhor continua
em nosso meio, caminhando conosco, partilhando nossas esperanças e
angústias.
Esse mesmo Espírito nos impulsiona a buscar sempre o novo: um novo
Estado, uma democracia mais ampla e participativa, uma nova forma de
fazer justiça, uma nova forma de viver uma igualdade na dignidade dos
filhos de Deus.
Para vivenciarmos esses valores no período do processo eleitoral,
oferece sugestões práticas para motivar a bem votarmos nas eleições
municipais de 2012:
Agir coletivamente
O momento da realização das eleições municipais em nosso País deve
ser aproveitado para a reflexão e a construção de novas práticas, de
novas posturas, tanto do Estado como do povo frente a ele para darmos
passos na consolidação da democracia. O primeiro passo será buscar a
construção da consciência coletiva, levando o povo a se constituir como
sujeito do processo político. Os grupos comunitários, organismos ou
pastorais sociais tenham esta preocupação entre seus objetivos; podem
ser o espaço aglutinador e coordenador do processo de construção da
consciência coletiva, objetivando a construção da cidadania.
Formar as comunidades para a participação
Diante do amplo desencanto e descrédito com o processo político em
grandes parcelas da população, notadamente dos jovens, é fundamental a
formação da consciência de que o novo Brasil e o novo município virão
com a nossa participação.
Cruzar os braços ou fazer de contas de que nada está acontecendo é
atitude de quem quer manter a coisa como está, deixando todas as
decisões nas mãos dos que detêm o poder.
Conscientizar para o voto cidadão
É necessário usar de todos os meios possíveis para conscientizar os
cidadãos e cidadãs deste País da responsabilidade de votar, e de votar
bem.
É preciso conscientizá-los para o fato de que o voto tem relação com o bem-comum. Daí a necessidade de:
- Produzir instrumento de educação política ou utilizar os já existentes;
- Debater na comunidade os temas políticos em circulação para entendê-los melhor;
- Conhecer as funções que estão em jogo nas eleições municipais: a missão do prefeito/a e vice, a função dos vereadores/as;
- Ter presente as várias possibilidades da Lei da Ficha Limpa e conhecer as fichas dos candidatos/as. Ficha suja não merece o nosso voto.
Criar Comissões de acompanhamento político
Não deixar o(a) eleito(a) sozinho. Lembremo-nos de que as
experiências têm mostrado a importância do eleito(a) estar comprometido
com a comunidade. Ele pode tornar a Câmara mais transparente à
participação popular.
Pensar um projeto para o município
Temos já várias experiências nesse campo no Brasil, onde os problemas
dos municípios são discutidos, não só por técnicos e políticos, mas por
toda a população organizada, tendo como objetivo construí-lo integrando
os nossos sonhos.
Podemos citar as assembléias municipais com caráter popular,
realizadas a partir da população organizada ou a partir de governos
populares comprometidos com a democracia participativa.
Pensar no Brasil e nos seus diversificados problemas sem solução
Embora as eleições de 2012 sejam Municipais, há questões que devem
estar presentes, dada a sua gravidade e a sua importância no momento
histórico:
- A revisão do modelo econômico e da forma de consumo;
- A busca de uma nova forma de encarar o trabalho. Pensemos na encíclica papal “Rerum Novarum” de 1891, onde o trabalho precede o capital, e na encíclica “Sobre o Trabalho Humano” do Papa João Paulo II, que diz ser “o trabalho a forma do humano ser co-criador do universo”;
- Tomar a vida mais digna, desde a sua concepção até o fim natural, como a busca incessante de todo agir humano, notadamente daqueles e daquelas que assumem posições significativas no espectro político;
- O processo de democratização do acesso a terra e ao solo urbano: no campo, a busca de uma ampla Reforma Agrária com reforma agrícola, sempre adiada em nosso país; e na cidade, a busca de uma reforma urbana.
- A necessidade de tornar os meios de comunicação mais democráticos, democratizando inclusive o direito à informação e à comunicação, questionando os monopólios presentes nesta área;
- A urgente Reforma Política, com ampla participação da população, para atender a todos e não apenas aos interesses de pessoas e grupos encastelados no poder.
Aparecida, 26 de abril de 2012
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