Dom Fernando Arêas Rifan
Bispo da Administração Apostólica Pessoal São João Maria Vianney
Palavra oriunda do latim, significando
“vinda”, Advento é o tempo litúrgico de preparação para o Natal, sendo,
na expressão do Papa Francisco, “um novo caminho do Povo de Deus com
Jesus Cristo, o nosso Pastor, que nos guia na história para o
cumprimento do Reino de Deus e nos faz experimentar um sentimento
profundo do sentido da história. Redescobrimos a beleza de estar todos
em caminho: a Igreja, com a sua vocação e missão, e toda a humanidade,
os povos, as culturas, todos em caminho pelos caminhos do tempo”.
“Mas em caminho para onde? Há uma meta
comum? E qual é esta meta?”, pergunta o Papa. “Este caminho não está
nunca concluído. Como na vida de cada um de nós, há sempre necessidade
de começar de novo, de levantar-se, de reencontrar o sentido da meta da
própria existência, assim, para a grande família humana é necessário
renovar sempre o horizonte comum rumo ao qual somos encaminhados. O
horizonte da esperança! Este é o horizonte para fazer um bom caminho. O
tempo do Advento, que começamos de novo, nos restitui o horizonte da
esperança, uma esperança que não desilude porque é fundada na Palavra de
Deus. Uma esperança que não desilude, simplesmente porque o Senhor não
desilude nunca! Ele é fiel! Ele não desilude! Pensemos e sintamos esta
beleza” (Angelus, 1/12/2013).
Por isso, a Igreja nos convida à mudança
de vida, ou seja, à conversão, a “despertarmos do sono” (Rm 13,11), a
sairmos da mediocridade.
Celebramos duas vindas de Jesus Cristo
ao mundo. A primeira, com a sua encarnação, ocorrida historicamente há
cerca de dois mil anos, celebraremos no Natal. A segunda, em que
meditamos no tempo do Advento, é o retorno glorioso no fim dos tempos.
Como disse o Papa Bento XVI, “esses dois momentos, que cronologicamente
são distantes – e não se sabe o quanto -, tocam-se profundamente, porque
com sua morte e ressurreição Jesus já realizou a transformação do homem
e do cosmo que é a meta final da criação. Mas antes do final, é
necessário que o Evangelho seja proclamado a todas as nações, disse
Jesus no Evangelho de São Marcos (cf. Mc 13,10). A vinda do Senhor
continua, o mundo deve ser penetrado pela sua presença. E esta vinda
permanente do Senhor no anúncio do Evangelho requer continuamente nossa
colaboração; e a Igreja, que é como a Noiva, a esposa prometida do
Cordeiro de Deus crucificado e ressuscitado (cf. Ap 21,9), em comunhão
com o Senhor colabora nesta vinda do Senhor, na qual já inicia o seu
retorno glorioso”(Angelus, 2/12/2012).
Há ainda uma terceira vinda de Cristo,
também celebrada no Natal. Acontece em nosso coração, pela sua graça.
Essa será a grande alegria do Natal: “O encontro pessoal com o amor de
Jesus que nos salva... A ALEGRIA DO EVANGELHO enche o coração e a vida
inteira daqueles que se encontram com Jesus. Quantos se deixam salvar
por Ele são libertados do pecado, da tristeza, do vazio interior, do
isolamento. Com Jesus Cristo, renasce sem cessar a alegria” (Francisco,
Evangelii Gaudium).
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